2 carta.

" Não olhes para trás, faças o que fizeres não vires as costas, não voltes!" este era o único pensamento que me percorria enquanto respirava desaforadamente o ar que tu expiravas. Estarei eu a fazer o certo? deverei mesmo abraçar-te? dizer o quanto te amo apesar de tudo aquilo que estava a acontecer?
 Não eu não devia, tu não merecias mas de um impulso tudo saiu, tudo aquilo que nunca tinha sido capaz de sair, inevitavelmente saiu.
 Eu disse tudo o que tinha para dizer, tudo aquilo que nos poderia fazer melhorar, aos dois. Sem querer dei-te uma oportunidade, não ligaste, não te apercebeste do que se passava. Tu não me conhecias suficientemente bem para saber do que falava, ainda não tinha capacidade para entender as minha meias palavras, que hoje são muito bem entendidas, mesmo aquelas que me faltam são aceites e nunca julgadas, têm sempre a sua razão e o seu valor. Aquele que nunca foste capaz de dar, aquele valor que trocaste por um beijo mas sôfrego e prolongado, aquele que nunca chegou a ti, ou talvez não tinha tido o tal valor que te era pedido. Talvez eu não fosse suficiente, talvez tu não fosses real, talvez nós não soubéssemos dar valor ao que nunca chegamos realmente a ter, por tua culpa. Talvez o meu respirar não fosse suficientemente sôfrego e o meu coração batesse rápido de mais de cada vez que me juntavas a ti. Talvez fosses falso e o teu ser estivesse coberto de mascaras. Talvez eu te amasse enquanto tu me descartavas.